O Círio de Cacilhas à Senhora da Atalaia


O círio de Cacilhas de Nossa Senhora da Atalaia foi um dos muitos círios que afluíam ao Santuário de Nossa Senhora da Atalaia, provenientes de Lisboa e das margens Norte e Sul do Tejo, particularmente da península de Setúbal.

O círio mais antigo – círio da Alfândega de Lisboa – data de 1507, por efeito da promessa dos habitantes da cidade, por ocasião da grande peste. Ao círio inicial, foram-se juntando, ao longo dos séculos, círios provenientes de várias partes do território, atingindo mais de trinta círios no princípio do século XIX. Foi considerada a maior procissão fluvial de Portugal, integrando romeiros que se deslocavam em canoas, fragatas, varinos, botes e catraios pelo rio Tejo. Actualmente são cinco os círios que continuam a venerar Nossa Senhora da Atalaia.

O círio de Cacilhas foi fundado em 1813. Descrito como um círio de muito luzimento e concorrido povo (1), realizava a sua festividade no final de Agosto, na chamada grande festa, dia das grandes romarias, quando concorriam à Atalaia círios provenientes de diferentes partes da península de Setúbal. 

A imagem de Nossa Senhora da Atalaia era transportada pelos romeiros num andor desde a igreja de Cacilhas até à berlinda que por sua vez fazia o percurso tradicional em procissão fluvial até à Aldeia Galega (actual Montijo), acompanhada da respectiva bandeira.

Deixou de concorrer em 1875, mas continuaram a festejar-se em Cacilhas as festas de Nossa Senhora da Atalaia no final de Agosto. O andor esteve referenciado no inventário de 1902, deixando de constar no espólio da irmandade em 1917.

Actualmente, conservam-se ainda na igreja de Cacilhas memórias deste Círio:

A veneranda imagem de Nossa Senhora da Atalaia, muito pequena – tem cerca de 51cm de altura -, tem o Menino Jesus no braço esquerdo, e ambas as figuras estão coroadas; é uma imagem em madeira de mogno, policromada, de autor desconhecido, da segunda metade do século XVII.

A bandeira do Círio tem inscrição CÍRIO DE CACILHAS 1852, e a gravura de Nossa Senhora da Atalaia sobre fundo vermelho.

 

  1. MARQUES, Luís, Tradições Religiosas entre o Tejo e o Sado, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996, p. 190.

 

REFERÊNCIAS

  • MARQUES, Luís, Tradições Religiosas entre o Tejo e o Sado, Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996.
  • ARTUR, Louro, Tesouro da Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Catálogo da Exposição, Almada, Edição da Câmara Municipal de Almada, 2007.

Explore Também


Adicionar comentário

Comentários

Ainda não há comentários.


Crie seu próprio site com Webador